- É mais fácil manter a linha seguindo uma dieta vegetariana?
Uma pessoa que tenha uma alimentação vegetariana, especialmente se for vegana, ingere, em princípio, menos gorduras e alimentos menos calóricos e de mais fácil digestão do que uma pessoa não-vegetariana. É claro que também é possível ser-se vegetariano e ter excesso de peso, se se tiver uma alimentação incorrecta e hiper-calórica, mas é um facto que os vegetarianos, especialmente os veganos, dificilmente sofrerão de obesidade e é improvável que tenham problemas sérios de excesso de peso. Numa altura em que a obesidade se tornou uma epidemia e começa a ser um problema de saúde cada vez maior também na sociedade portuguesa, o vegetarianismo apresenta-se como um bom meio de prevenção da obesidade.
O Vegetarianismo na Prevenção e no Tratamento de Doenças
As dietas vegetarianas têm um papel vital na prevenção de doenças, uma vez que uma alimentação vegetariana, em especial se for vegana, reduz muito significativamente a exposição a uma série de doenças. Ao mesmo tempo, adoptar e manter uma dieta vegetariana, e em especial se for vegana, pode ser muito benéfico mesmo para quem sofra já de certos problemas de saúde, ajudando no tratamento destes e na prevenção do agravamento que se poderia registar com uma alimentação não cuidada e muito dependente de alimentos de origem animal. Saiba porquê:
:: Doenças cardiovasculares
A dieta vegetariana previne o aparecimento de doenças cardíacas porque é pobre em gorduras saturadas e geralmente contém pouco colesterol (se for ovo-lactovegetariana) ou nenhum (se for vegana) – o colesterol é o principal factor desencadeador destas doenças e está presente apenas em produtos animais, tais como a carne, incluindo a carne de peixe, os lacticínios e os ovos.
:: A hipertensão
Os vegetarianos têm tendência para ter a tensão arterial mais baixa. Na maior parte das vezes, em casos graves deBeringela hipertensão, quando se faz a mudança para uma dieta livre de produtos de origem animal, a medicação para o controlo da tensão arterial pode deixar mesmo de ser necessária, devido ao baixo teor em sódio (elemento hipertensor e constituinte do sal) que todos os alimentos incluídos na alimentação vegetariana apresentam.
:: A diabetes
Os elevados níveis de açúcar no sangue podem ser facilmente controlados com uma dieta vegetariana. Uma dieta rica em hidratos de carbono complexos (presentes em vegetais, leguminosas e cereais) e simultaneamente pobre em gorduras é a melhor solução para controlar esta doença e minimizar as suas consequências. Ao evitar as gorduras e o colesterol, diminui as probabilidades de complicações cardíacas e, sendo este um dos principais objectivos da dieta diabética, o vegetarianismo assume um papel importante. Embora todos os insulino-dependentes tenham que tomar insulina, uma dieta baseada em vegetais e cereais na dose adequada pode ajudar a reduzir as suas necessidades desta substância.
:: O cancro
Estudos em indivíduos vegetarianos mostram que a taxa de mortalidade por cancro é apenas de ½ a ¾ em comparação com o resto da população. Tanto o cancro da mama, como do cólon e do pulmão são menos frequentes em vegetarianos. Uma alimentação pobre em gorduras e em açúcares naturais dos lacticínios (responsáveis pelo aumento do risco de cancro nos ovários) e rica em fibras e antioxidantes contribui muito para evitar o cancro.
:: A obesidade
O mais recente estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que a obesidade está a aumentar. Não é só um problema estético, mas de saúde; é uma epidemia e é uma doença crónica que contribui para o aparecimento de hipertensão, aumento do colesterol, doenças cardiovasculares e diabetes, entre outras doenças. O peso médio dos veganos, comparado com o dos omnívoros, é, em geral, inferior em 5 a 10 kg.
:: A osteoporose
A alimentação vegetariana contribui para a manutenção do tecido ósseo durante todas a fases da vida. É tão importante ingerir cálcio como prevenir a perda de massa óssea. Sabe-se que, entre os factores responsáveis pela Caju. Foto: (c) Wikipediaperda de cálcio através da urina, fezes e suor, o mais importante é o consumo de proteína animal. Ao adoptar uma alimentação livre de proteína animal, contribui para reduzir a perda deste tão importante mineral e, ao mesmo tempo, consegue garantir o consumo de cálcio de que necessita através de fontes vegetais de cálcio, como os vegetais de folhagem verde-escura e o leite de soja enriquecido, entre outros.
Já percebi que é importante para os animais que eu deixe de beber leite e de comer ovos, mas não me farão falta?
Não. Veja a seguir porquê:
Não beba leite, pela sua saúde!
Tem-se verificado que existe uma relação estreita entre o consumo de produtos lácteos (leite, manteiga, queijo, etc.) e vários tipos de cancro, diabetes, osteoporose, doença coronária e outros problemas relacionados com intolerâncias e alergias graves. Tanto o cancro da mama como o da próstata estão relacionados com o consumo deste produto. Esta íntima relação explica-se através de um aumento da quantidade, no organismo humano, de uma substância designada de factor de crescimento semelhante à insulina-I (IGF-I) encontrada no leite de vaca. Esta substância pode também ser encontrada, em elevadas quantidades, na corrente sanguínea de indivíduos consumidores regulares deste tipo de leite. Estudos recentes comprovam que homens com elevadas concentrações sanguíneas de IGF-I, apresentam quatro vezes mais probabilidades de virem a sofrer de cancro da próstata do que outros indivíduos com concentrações sanguíneas de IGF-I mais baixas. Também o cancro do ovário está relacionado com o consumo de produtos lácteos: o açúcar do leite, quando desdobrado no organismo humano, dá origem a outro açúcar mais simples, designado por galactose, que, por sua vez, é também desdobrado por várias enzimas. Quando o consumo destes produtos excede a capacidade destas enzimas para desdobrarem a galactose, esta pode circular na corrente sanguínea, o que poderá, a longo prazo, afectar os ovários. Mulheres consumidoras de leite de origem animal apresentam três vezes mais probabilidades de virem a sofrer de cancro nos ovários.
A diabetes insulino-dependente está também relacionada com o consumo de leite e produtos lácteos. Pesquisadores encontraram uma proteína característica dos produtos lácteos que provoca uma reacção auto-imune, que, por suaTomates. Foto: (c) Xenia Morguefile vez, afecta as células do pâncreas, afectando, por isso, também, a capacidade do organismo de produzir insulina.
O leite e seus equivalentes e derivados são frequentemente recomendados para prevenir a osteoporose. Contudo, pesquisas e estudos demonstram que o risco de fractura óssea é igual em consumidores de leite de origem animal e em não consumidores deste produto. Assim, ficou provado por vários estudos que, na prevenção da osteoporose, é fundamental reduzir os factores descalcificantes, tais como o consumo de sal e de proteína animal – em vez de manter ou aumentar o consumo de cálcio através de lacticínios (que contêm proteína animal).
A doença cardiovascular é uma das doenças que está mais relacionada com o consumo de produtos lácteos, pois têm elevadas quantidades de gordura saturada e colesterol, aumentando imenso as probabilidades de quem consome estes produtos vir a sofrer de doença coronária.
Os sintomas da intolerância à lactose são diarreia, flatulência e distúrbios gastrointestinais, e surgem devido à ausência, no organismo humano, de enzimas capazes de actuar na digestão do açúcar do leite. Esta ausência é um processo natural que ocorre no organismo, pois os humanos são mamíferos e os mamíferos não necessitam de consumir leite durante a vida adulta (menos ainda de outras espécies). Humanos que insistem em consumir leite após o seu desmame forçam o organismo a continuar a produzir estas enzimas, daí ser tão comum encontrar pessoas intolerantes à lactose.
O consumo de lacticínios não está só relacionado com doenças e alergias – os agentes contaminantes encontrados em várias amostras de leite são um grave problema para a saúde humana. A indução artificial da produção de leite conduz a inflamações graves nas glândulas mamárias dos animais, que requerem tratamento à base de antibióticos. Vestígios destes antibióticos, bem como de pesticidas e outros medicamentos, são encontrados em leites e outros produtos derivados.
Uma dieta alimentar diária livre de produtos lácteos contribui para a redução da perda de cálcio, diminuindo o risco de osteoporose. A alimentação vegetariana oferece todo o cálcio necessário, a partir de alimentos ricos em antioxidantes, fibra, ácido fólico, hidratos de carbono complexos, ferro e outras vitaminas e minerais importantes, que não são encontrados em lacticínios.
Não coma ovos, pela sua saúde!
Apesar de serem um alimento altamente nutritivo, os ovos apresentam características que os impedem de ser alimentos de eleição, pois apresentam elevadas quantidades de proteína animal, o que contribui para a descalcificação óssea, e elevadas quantidades de colesterol e gordura, o que contribui para o aumento dos níveis de colesterol sanguíneo, aumentando, consequentemente, o risco de doença coronária.
O colesterol pode ser obtido pelo organismo não só através da alimentação diária, como também através da sua produção no fígado. Normalmente, o organismo humano produz em quantidade suficiente todo o colesterol de que precisa, não sendo por isso necessário incluir alimentos com colesterol na alimentação humana. A American Heart Associaton recomenda que o consumo máximo de colesterol diário deve ser de 300mg. Tendo em conta que, em apenas um ovo, existem cerca de 213 mg de colesterol, e sabendo que o limite diário recomendado para o consumo de colesterol é, então, de 300mg, torna-se extremamente difícil controlar as quantidades de outros produtos de origem animal que fornecem esta substância.
A escolha deste alimento como parte da dieta diária não é uma boa opção também porque é considerado um alimento de alto risco em relação a possíveis intoxicações alimentares. Devido à presença da bactéria Salmonella enteritidis no ovário da galinha, ou na trompa uterina antes da casca se formar à volta da gema e clara, pode ser possível a presença destas bactérias dentro de um ovo inteiro sem ranhuras, mesmo que a bactéria não provoque um estado de doença na galinha. A Salmonella é um género de bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae e a transmissão para os humanos é feita a partir do consumo de alimentos contaminados com fezes animais. A maioria destes alimentos é de origem animal, sendo o ovo um dos alimentos principais de transmissão. Os sintomas causados pela Salmonelose são náuseas, vómitos e diarreia, e tendem a aparecer cerca de 24 horas após a ingestão de um alimento contaminado.
O Expert Technical Advisory Committee on Antibiotic Resistence tem vindo a alertar para o risco da imunidade a antibióticos poder ser adquirida por humanos através do consumo de carne de animais sujeitos à administração deste tipo de substâncias. Inúmeros avisos destes têm sido registados por vários cientistas. Os antibióticos administrados a galinhas e a vacas para as manter vivas em unidades pecuárias contribuem para o aparecimento de microrganismos adaptados com uma maior resistência a medicamentos usados por humanos.
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