domingo, 13 de junho de 2010

Vegetarianos devem compensar a dieta com verduras e produtos integrais.

Tatiana Cavagnolli / 
Excluir a carne do cardápio diário ou abrir mão do tradicional churrasco no final de semana pode parecer difícil. Mas o vegetarianismo é um estilo de vida que vem ganhando cada vez mais adeptos. Seja pela consciência ambiental ou pela própria saúde, quem deixa de comer carne adere a uma dieta mais balanceada, rica em verduras e com preferência aos alimentos integrais.

Proteína de soja ajuda a compensar 
a falta de proteínas de origem animal

Foto:  Tatiana Cavagnolli

Não é difícil tirar a carne do prato quando a pessoa tem conhecimento de como funciona a alimentação vegetariana. A comerciante Margarete Rossi, 47 anos, não come carne há 13. Os motivos que a levaram a aderir à dieta vegana – que não admite nada de origem animal, apenas vegetais e grãos – são o respeito aos animais e a consciência ecológica. Apesar da alimentação restrita, Margarete explica que não encontra problema em participar de refeições com amigos “carnívoros”.


– Eu me adapto em qualquer lugar. Quando eu sei que não vai ter comida para mim, procuro me alimentar em casa, ou levo a minha própria. Não deixo de me divertir por causa disso – afirma.
Margarete conta que nunca teve problemas com a saúde em virtude da dieta. Ela explica que a questão não é pensar sempre na substituição da carne, e sim em manter uma dieta equilibrada.
– Se a pessoa ficar sempre pensando em substituir, então ela não deve ser vegetariana, porque significa que a carne está fazendo falta. A combinação dos alimento é o que dá equilíbrio. O arroz integral, por exemplo, é muito completo. Combinado com o feijão, ele proporciona toda a proteína necessária para o organismo – esclarece.
Além de servir almoço de segunda a sábado, Margarete também oferece cursos de culinária em seu restaurante. As aulas acontecem de março a novembro. Em cada mês é abordado um cardápio diferente.
Cuidados com a saúde
As carnes vermelhas são ricas em proteína e ferro. Também são as principais fontes de vitamina B12, essencial na prevenção de anemias megaloblásticas. Por isso, antes de cortar as carnes da alimentação, é necessário adotar uma dieta equilibrada e rica em verduras, para que não faltem proteínas no corpo.
– As proteínas de origem animal, como as das carnes, são ricas em aminoácidos necessários para a regeneração celular, o sistema imunológico e a cicatrização. Também evita queda de cabelo e perda de massa muscular – explica a coordenadora do curso de Nutrição da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Jacqueline Schaurich dos Santos.
Mas a adoção do vegetarianismo não é sinônimo de anemia ou desnutrição. Para repor as proteínas pode-se usar alimentos simples como ovos, legumes, feijão, lentilhas, ervilha, soja e alguns cereais como quinua e amaranto, fontes riquíssimas de proteína.
– Não há problema algum em trocar o prato de carnes por uma dieta vegetariana, desde que sua alimentação tenha as quantidades ideais de proteínas e calorias que o corpo necessita. Caso a dieta seja mal planejada, pode contribuir para o surgimento de deficiências nutricionais. A mais preocupante é a falta de vitamina B12, cuja ausência implica em danos no sistema nervoso. A falta de proteínas também pode prejudicar o desenvolvimento de órgãos, tecidos e músculos – explica a nutricionista Luciana Piccolo, pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional.
Mas com uma dieta balanceada e com os níveis normais de proteína, a nutricionista informa que as pessoas que adotam a dieta vegetariana apresentam queda no nível de colesterol, na taxa de mortalidade por doença coronariana e pouca probabilidade de doenças gastrointestinais.
O ortopedista Glauberto Hilário Brockstedt não come carne há seis anos. Ele diz que a digestão do ingrediente é muito pesada e que, em excesso, ele pode contribuir para câncer de reto e de intestino.
– Anatomicamente, o organismo humano não tem características de carnívoro, bem diferente de um felino, por exemplo. O intestino dos carnívoros é bem curto, tem cerca de um metro e meio de comprimento. Nós temos cerca de oito metros, o que faz com que a absorção alimentar seja feita de forma lenta – explica Brockstedt.
O ortopedista também destaca a necessidade de uma dieta diversificada para que a falta de proteínas não prejudique o organismo:
– Qualquer vegetal é composto de proteína, os mais ricos são o feijão, soja, castanha, amêndoas. É preciso adotar uma dieta diversificada. Mas isso serve para todos e não só para quem não come carne. Se a pessoa se alimentar só de fast food, ou só de arroz e feijão, vai ter problemas de saúde, porque não é uma alimentação adequada.
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