Cientistas dizem que os peixes sentem dor
Os peixes pertencem ao reino animal e, dentro deste, são vertebrados. São seres aquáticos poiquilotérmicos (de sangue frio), que possuem corpo fusiforme, membros em forma de barbatana suportados por estruturas ósseas ou cartilaginosas, e guelras ou brânquias, com que respiram o oxigénio dissolvido na água.
Os primeiros peixes surgiram há cerca de 500 milhões de anos e eram semelhantes às lampreias actuais. Posteriormente, há aproximadamente 400 milhões de anos, surgiram os peixes com esqueleto cartilaginoso. Mais recentemente, há perto de 250 milhões de anos, surgiram os primeiros peixes com esqueleto ósseo.
Existem mais de 29.000 espécies de peixes, o que faz deles o maior grupo dos vertebrados, subdividido em: - Peixes ósseos(Osteichthyes, com mais de 22.000 espécies), a que pertencem as sardinhas, as garoupas, o bacalhau, o atum e, em geral, todos os peixes com esqueleto ósseo; - Peixes cartilaginosos (Chondrichthyes, mais de 800 espécies), a que pertencem os tubarões e as raias; - Vários grupos de peixes sem maxilas (antigamente classificados como Agnatha ou Cyclostomata, com cerca de 80 espécies), incluindo as lampreias e as mixinas (peixe-bruxa). Os peixes encontram-se em praticamente todos os ecossistemas aquáticos, tanto em água doce como salgada. Ao contrário da maior parte dos vertebrados, os peixes crescem continuamente durante toda a sua vida, embora a taxa de crescimento diminua acentuadamente após a primeira reprodução.
O sistema nervoso dos peixes
O sistema nervoso dos peixes é complexo e sofisticado. A maioria possui um sentido da visão muito desenvolvido, podendo distinguir cores e comprimentos de onda, desde o infravermelho ao ultravioleta. Contudo, esta capacidade vai diminuindo conforme aumenta a profundidade, em virtude da luz insuficiente. O olfacto está também muito desenvolvido em algumas espécies. Os salmões e outros peixes migradores apresentam o fenómeno “homing”, ou seja, voltam sempre ao rio onde nasceram para se reproduzirem. Está cientificamente provado que estas espécies “memorizam” o odor da água do rio onde nasceram, para um dia poderem voltar. Em muitas espécies, as papilas gustativas não se limitam à cavidade bucal, estão também noutras partes do corpo. Os ouvidos, além de permitirem a percepção de sons, funcionam também como órgãos do equilíbrio. Os peixes têm sistemas organizados de comunicação entre si. Emitem substâncias de alarme em presença de predadores, induzindo a formação de cardumes para confundir os atacantes, ou permitindo a fuga de outros indivíduos da sua espécie. Na altura da reprodução parece haver também comunicação química. Supõe-se que as hormonas libertadas pelos machos induzam a ovulação das fêmeas. Estes animais desenvolveram também receptores químicos ao longo do seu organismo, que lhes permitem detectar as mudanças de corrente da água e as mais delicadas vibrações, indiciadoras da aproximação de predadores.
Afinal, os peixes sofrem?
Pelo acima exposto, e que tem sido consubstanciado por estudos levados a cabo nomeadamente por cientistas Ingleses, a resposta é simples: sim, os peixes sofrem. Enquanto criaturas do reino animal, dotadas de um sistema nervoso central, os peixes possuem um sistema de dor que é anatómica, fisiológica e biologicamente semelhante ao das aves e outros animais. Os peixes reagem a sensações de dor e de prazer e, na verdade, partilham até semelhanças com o sistema nervoso dos seres humanos, já que algumas espécies possuem neurotransmissores como as endorfinas, que induzem a sensação de bem-estar e de alívio da dor. Logicamente, se os seus sistemas nervosos produzem analgésicos naturais, é porque estão pré-determinados para sentirem dor.
Os referidos estudos constatam que a morte por laceração dos tecidos, sangramento e asfixia (que caracterizam a pesca) é extremamente cruel, porque fonte de grande sofrimento para estes animais, não só físico, mas também psicológico. Ao reagirem à dor, os peixes sentem também stresse emocional e apresentam uma série de espasmos e movimentos de contorção muito semelhantes ao comportamento dos vertebrados superiores, como os mamíferos, em iguais circunstâncias. E embora inaudíveis para os seres humanos, alguns peixes emitem sons para exprimir a sua agonia, conforme concluem pesquisas conduzidas por várias universidades dos Estados Unidos.
Sabe-se hoje que os peixes são animais inteligentes e que algumas espécies apresentam fenómenos interessantes ao nível da memória, da capacidade de aprendizagem e até da antecipação do sofrimento. Com efeito, alguns dos estudos feitos constataram que os peixes, não só emitiam uma espécie de grunhido ao serem submetidos a choques eléctricos, como grunhiam à simples visão do eléctrodo, numa clara antecipação do sofrimento que dessa forma lhes ia ser infligido.
O peixe na alimentação humana
Desde tempos imemoriais os peixes têm sido uma fonte de alimentação para muitas comunidades humanas, para além de símbolo de abundância e equilíbrio dos recursos hídricos. Nas últimas décadas, fruto da escalada das doenças cardiovasculares e de vários tipos de cancro associados a dietas muito ricas em proteína animal e gordura saturada, o peixe tem sido até preferido à carne como fonte de proteína e gordura de melhor qualidade, para além de ácidos gordos essenciais ómega 3. No entanto, o peixe, e crustáceos e moluscos em geral, são também, pelas suas características, propensos a uma rápida deterioração mal são pescados. Para além disso, são particularmente sensíveis a parasitas e a contaminações por toxinas, resíduos de esgotos industriais, derrames de petróleo, contaminação radioactiva proveniente das centrais nucleares, poluição por metais pesados como o mercúrio, chumbo, cobre e cádmio, resíduos de navios abatidos, etc. Se de alguma forma a cozedura pode neutralizar uma pequena parte dos agentes patogénicos (por ex.; os parasitas), há formas de preparação e consumo que se têm popularizado nos últimos anos (como o sushi e o sashimi, especialidades Japonesas em que o peixe é servido cru) e que se têm revelado particularmente perigosas para a saúde pública.
O (des)equilíbrio ambiental
A evolução das condições de vida tem, infelizmente sido acompanhada de fenómenos preocupantes como o aquecimento global do planeta, a poluição e a destruição progressiva dos habitats naturais, para servir os grandes interesses económicos e as necessidades crescentes do mercado. Como consequência disso, graves desequilíbrios ambientais estão hoje instalados e a biodiversidade ameaçada. Muitas espécies estão à beira da extinção e a vida marinha não é excepção - veja-se o caso do bacalhau, pescado até à exaustão nos mares do Norte, sem que políticas de uma exploração sustentável tenham sido devidamente implementadas.
Que alternativas éticas, ambientais e de saúde?
Por todas estas razões (o sofrimento dos animais, a defesa dos valores ecológicos e a saúde), um número cada vez maior de consumidores opta por não consumir peixe e outros “frutos do mar”, mau grado alguma campanha de desinformação existente sobre as alegadas (e insubstituíveis) virtudes para a saúde do seu consumo. Alimentos como as nozes, o tofu, as sementes de linhaça, as algas, os óleos de soja, linhaça e canola, são igualmente boas fontes de ácidos gordos essenciais ómega 3, devendo haver o cuidado de equilibrar a sua ingestão com a dos ácidos gordos essenciais ómega 6 - facilmente obtidos através de outros frutos secos como as amêndoas, vegetais (abacate, espinafres, ervilhas…), óleo de girassol, milho e azeite. As sementes de cânhamo são dos poucos alimentos que contêm um bom equilíbrio entre Ómega 3 e Ómega 6. Os ácidos gordos essenciais ajudam a reduzir os danos vasculares, os níveis de triglicerídeos, de LDL (o mau colesterol) e do colesterol total, protegem o sistema imunitário, entre outros benefícios.
Centro Vegetariano
Os peixes sentem dor
Embora pareça óbvio que os peixes sintam dor, como qualquer outro animal, algumas pessoas ainda pensam que os peixes são como vegetais que nadam. Em verdade, no que concerne a habilidade de sentir dor, os peixes são iguais aos cachorros, gatos e outros animais. O Dr. Donald Broom, consultor científico do Governo Inglês, explica que " A literatura científica é muito clara. Anatômica, fisiológica e biologicamente, o sistema de dor dos peixes é praticamente o mesmo que o das aves e dos outros animais." 1
Os neurobiologistas já reconheceram, faz tempo, que os peixes possuem sistema nervoso que sentem e respondem à dor, e qualquer um que haja estudado Biologia sabe que os peixes têm nervos e cérebro que sentem a dor, como qualquer outro animal.2 Em verdade, os cientistas nos dizem que os cérebros e sistema nervoso dos peixes se parecem com o nosso.3 Por exemplo, os peixes (como os "vertebrados superiores") possuem neurotransmissores como as endorfinas que dão alivio ao sofrimento — naturalmente que a única razão de os seus sistemas nervosos produzirem analgésicos é para aliviar a dor.4
Afirmar que os peixes não sentem dor é comparável à argumentação intelectual e científica de que a Terra é plana. Interessante é verificar que alguns cientistas construíram um detalhado mapeamento dos receptores de dor na boca e por todo o corpo dos peixes. Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Guelph, no Canadá, monitoraram recentemente a literatura científica sobre a dor e a inteligência dos peixes. Concluíram eles que os peixes sentem dor e que "há de se considerar o bem-estar desses animais"5 A Dra. Lynne Sneddon, cientista que estuda a biologia dos peixes no Reino Unido, explica: "Trata-se, realmente, de uma questão moral. Sua pesca com anzol é mais importante que a dor que o peixe sente?"6
Cientistas da Universidade de Edinburgh e do Roslin Institute, ambos no Reino Unido, relatam que ao reagirem à dor, os peixes sentem também um estresse emocional e apresentam um "movimento de contorção" muitíssimo similar ao tipo de movimento que apresentam animais vertebrados superiores, como os mamíferos."7 A equipe de pesquisadores concluiu que os peixes, sem dúvida alguma, sentem dor da mesma forma que a sentem os mamíferos, tanto física como psicologicamente.8
Como seria de esperar, de animais que, sabemos hoje, são inteligentes e apresentam indivíduos interessantes com memória e a capacidade de aprender, os peixes podem também sofrer devido ao medo e à antecipação da dor física. Pesquisadores de várias universidades dos Estados Unidos publicaram resultados de pesquisas que mostram o fato de alguns peixes usarem o som para comunicar a sua agonia, quando redes são lançadas em seus aquários ou quando são eles ameaçados de alguma maneira.9 Num estudo individual, o pesquisador William Tavolga descobriu que peixes grunhiam ao receberem um choque elétrico. Mais que isso, os peixes começavam a grunhir, tão logo avistavam o eletrodo, numa inequívoca antecipação do tormento que Tavolga lhes impingia.10
Segundo o Dr. Michael Fox, D.V.M., Ph. D., "Embora os peixes não gritem(de forma audível para os humanos) quando estão com dor e em angústia, o comportamento deles deveria constituir evidência suficiente do seu sofrimento quando fisgados ou capturados em rede. Eles se esforçam, procurando escapar e, assim fazendo, demonstram a sua vontade de viver."11
O que acontece com o peixe antes que chegue ao seu prato não passa de crueldade aos animais ¾ criados em "fazendas" marinhas ou pescados no mar, os peixes são tratados de maneiras que resultariam em punições a crime hediondo, fossem outros animais tão horrivelmente maltratados.
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1 Richard H. Schwartz, "Do You Eat Fish?" Tikkun, Nov. 1999
www.findarticles.com/p/articles/mi m1548/is 6 14/ai 57644975
2 L.S. Chervova, "Behavioral Reactions of Fishes to Pain Stimuli", J. Ichthyol, 1997
http://images.nature.ru/nature/2003/10/02/0001195504/english.html
3 L.S. Chervova.
4 K.P. Chandroo, I.J.H.Duncan and R. D. Moccia, "Can Fish Suffer?: Perspectives on Sentience, Pain, Fear and Stress," Applied Animal Behavior Science, 2004, p. 11 www. aps.uoguelph.ca/~aquacentre/aec/publications/fishwelfare.pdf
5 K.P. Chandroo, p.15
6 Jennifer Smith, "Debate: Do Fish Feel Pain?" Newsday, 21 Aug. 2003 www.thehollandsentinel.net/stories/082103/out 082103045.shtml
7 Alan Cowell, "Cruelty to Fish? Anglers in Britain Are Left Smarting", International Herald Tribune, 7 May 2003.
8 Dr.Lynne U. Sneddon, Dr. Victoria A. Braithwaite, and Dr. Michael J. Gentle, "Do Fish Have Nociceptors: Evidence for the Evolution of a Vertebrate Sensory Systeme," The Royal Society Scientific Academy, 7 June 2003 www.pubs.royalsoc.ac.uk/proc bio content/news/sneddon.html
9 Martin A. Connaughton, Michael L. Lunn, Michael L. Fine and Malcolm H. Tayor, "Characterization of Sounds and Their Use in Two Sciaenid Species: Weakfish and Atlantic Croaker," http://web.mit.edu/seagrant/aqua/cfer/acoustics/exsum/connaughton/extended.html.
10 – Vantressa Brown, "Fish Feel Pain, British Researchers Say", Agence France-Presse, 1 May 2003 www.buzzle.com/editorials/4-30-2003-39769.asp
11 – Michael Fox, D.V.M., Ph. D., "Do Fish Have Feelings?" The Animals’ Agenda, July/Aug. 1987,pp.24-29
Texto traduzido por Mário Fonseca Paradizo
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