O príncipe dos legumes despertou igualmente uma obsessão por parte da duquesa Catarina de Médicis que, ao levar com ela o espinafre e suas receitas desde Florença até à corte francesa, fez com que ainda hoje designemos os pratos servidos em cama de espinafres como “à Florentina”.
E o mundo seria de facto um sítio melhor se todos os hortícolas tivessem tido o apoio de uma estratégia de marketing como o espinafre teve com o Popeye! Apesar de na altura a construção desta personagem e da força que o espinafre lhe dava ter sido feita com base numa sobrestimação da quantidade de ferro deste hortícola, o certo é que o marinheiro mais famoso do mundo conseguiu que o consumo de espinafres crescesse mais de 30% nos EUA e que se tornasse no terceiro alimento mais popular entre as crianças logo depois do peru e dos gelados.
Mesmo não tendo a quantidade de ferro que se chegou a pensar, o espinafre não é totalmente desprovido deste mineral, sendo mais um nutrimento a adicionar aos campeões vitamina A e K, estes sim presentes em força no espinafre. Também de ácido fólico e vitamina C se faz a história nutricional de um hortícola que sempre teve o estigma do seu suposto exagerado teor de nitritos e nitratos derivado da sua produção agrícola intensiva. Um estudo recente, efectuado com amostras de espinafres e outros vegetais portugueses não confirmou esta tendência, sendo que estes compostos em níveis dentro do permitido podem inclusive acarretar benefícios do ponto de vista cardiovascular com a melhoria da função endotelial dos nossos vasos sanguíneos e diminuição da pressão arterial.
E se as cenouras transportam o epíteto de “fazer bem” aos olhos, os espinafres não lhe ficam nada atrás, com níveis elevados de luteína e zeaxantina, dois pigmentos com função antioxidante e um papel muito interessante na prevenção da degeneração macular associada ao envelhecimento e cataratas.
Se a ingestão de espinafres constitui sempre uma boa opção, o seu teor em oxalatos e purinas pode acarretar alguns cuidados a indivíduos com cálculos renais e hiperuricemia. Nada que ofusque todos os seus demais benefícios, particularmente se optarmos pelo seu cozimento a vapor onde, para além de não ser potenciada a perda vitamínica associada ao seu cozimento em água, a sua capacidade de “reciclagem” dos ácidos biliares tem o condão de diminuir os níveis de colesterol sanguíneo.
Deste modo, já que os tempos são outros e o espinafre está longe da popularidade de outrora, há que o soltar o Popeye em cada um de nós e dar o exemplo da ingestão deste e de outros hortícolas aos mais novos.
Por Pedro Carvalho, nutricionista*
*Professor Assistente Convidado da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
Sobre os espinafres
- TRATAR ANEMIA
Esta verdura previne a fraqueza e alivia os sintomas da depressão. Assim como a maioria das verduras, possui muita vitamina A e C, por isso, estimula o sistema imunológico. A quantidade de ferro do espinafre supera a da carne, por isso é recomendado em casos de anemia. É indicado para gestantes, por ter ácido fólico, que previne defeitos neurológicos no feto.
Tratar anemia
Ingredientes:
• 1 molho de espinafre cru
• 1 litro de água filtrada
Preparação: Bata no liquidificador o espinafre cru com a água filtrada. Adoce a gosto.
Beba 1/2 copo (100ml) antes do almoço ou jantar.
Contra-indicações:
o espinafre não deve ser consumido em excesso, pois causa efeitos contrários às vantagens apresentadas: por possuir grande quantidade de ácido oxálico, pode inibir a absorção do ferro e do cálcio pelo organismo e formar pedras nos rins. Para diminuir este efeitos, escolha alimentos com vitamina C.
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