quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Dicionário dos Alimentos - AZEITE

O misticismo da oliveira - símbolo de regeneração, imortalidade e sabedoria - só poderia culminar num produto com iguais características e que se transformou no baluarte das dietas mediterrânicas, padrão alimentar conhecido pela melhoria na qualidade de vida dos seus aderentes. Neste contexto, o azeite aliado aos cereais integrais, hortofrutícolas, frutos gordos e quantidades moderadas de vinho tinto, lacticínios, carnes magras e peixe contribuíram para a menor incidência de doenças cardiovasculares, cancro e declínio cognitivo associado à idade nos povos da bacia mediterrânica.

O azeite constitui-se como uma gordura monoinsaturada, sendo este equilíbrio entre gorduras animais (predominantemente saturadas) e óleos vegetais (predominantemente polinsaturados) um dos responsáveis pelos seus efeitos benéficos na saúde. O ácido oleico, principal ácido gordo do azeite, consegue ser mais resistente à oxidação do que os seus congéneres polinsaturados, reduzindo os níveis de colesterol total e LDL (“mau” colesterol) e aumentando a fracção HDL (“bom” colesterol).

De igual modo, os compostos fenólicos encontrados no azeite possuem propriedades anti-inflamatórias tornando as nossas membranas celulares mais fluidas e resistentes à acção dos radicais livres. Este efeito protector do azeite estende-se também à diminuição dos valores de pressão arterial, prevenção de vários tipos de cancro e fortalecimento do sistema imunitário. A garantia de estabilidade do azeite traduz-se igualmente na sua utilização culinária ao aguentar as altas temperaturas atingidas no processo de fritura sem degradação.

A preferência pelo azeite extra virgem não é um capricho, apresenta sustentação sensorial e nutricional. Ao não carecer de refinação, este azeite de qualidade superior, mantém intacto o seu cheiro e sabor, mas mais importante do que isso, mantém as suas propriedades antioxidantes ao não perder carotenos e vitamina E, possuindo ainda um maior teor de esteróis vegetais conhecidos pelo seu papel benéfico da diminuição da absorção do colesterol.

Tal como o crescimento da oliveira, o azeite deverá ser consumido de forma lenta e prazerosa transportando-nos para uma mudança de paradigma do fast para o slow food. Fora e dentro de casa, nas "entradinhas" ou nos lanches, há que seguir o exemplo espanhol do pão rústico com tomate e azeite ou incentivar o nosso pioneirismo gourmet do azeite com vinagre balsâmico em detrimento das manteiguinhas, pâté e outros molhos com muito menos interesse nutricional.

O azeite é nosso, é fantástico, mas será sempre uma gordura e terá sempre 9 kcal por grama. Ainda assim, no que diz respeito a gorduras, cumpre-se o provérbio: o verdadeiro azeite vem sempre ao de cima…

Por Pedro Carvalho, nutricionista
Professor Assistente Convidado da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto




Utilizado desde tempos imemoriais como ingrediente culinário, o Azeite foi actualmente "redescoberto", tendo-se convertido num dos pilares da cozinha moderna e saudável. O seu consumo não se confina às regiões produtoras, e espalha-se hoje por países tão distantes como o Japão ou a Austrália.

O Azeite dá sabor, aroma e cor, integra os alimentos, personaliza e identifica um prato.

Dentro da ampla gama de Azeites hoje disponíveis no mercado, deverá eleger o Azeite em função da sua utilização culinária. Com a prática, e dependendo de seu gosto pessoal, poderá aprender a seleccionar um Azeite pelas suas características sensoriais ou pelo seu local de origem. Cada Azeite tem as suas características próprias, sem que isto implique que um seja melhor que outro.

O Azeite suporta muito bem temperaturas elevadas: a sua temperatura "crítica" é de 210º a 220ºC, o que permite todas as formas de cozinhar.
As virtudes nutritivas, digestivas e gustativas do Azeite exaltam-se melhor, evidentemente, em cru.

Os Azeites ideais para consumir em cru, para temperar e para utilizar em doçaria e sobremesas são os Azeites Virgem Extra, de sabor mais suave.

Os Azeites de aroma e sabor mais intenso são mais apropriados para alimentos de sabor mais pronunciado. São óptimos para escabeches, açordas e caldeiradas, intensificando o sabor dos alimentos.

Para preparar maioneses ou molhos vinagreta, o ideal é utilizar um Azeite com um frutado mais suave.

O Azeite é uma óptima opção para fritar alimentos. Nas condições adequadas de temperatura, o Azeite não sofre nenhuma alteração substancial na sua estrutura, conservando intactas todas as suas propriedades dietéticas.

Além disso, forma uma crosta na superfície dos alimentos, que impede a penetração do Azeite no interior dos mesmos. Com a utilização do Azeite para a fritura obtêm-se fritos mais secos e apetecíveis.

Fritar com azeite

O acto de fritar é uma das características comuns à área de Mediterrâneo, seja europeu, asiático ou africano e, às três principais religiões praticadas, cristão, muçulmano e judaico. É um dos métodos mais antigos na arte de cozinhar os alimentos.

Investigações recentes mostram que o acto de fritar é benéfico ao organismo, em particular do ponto de vista fisiológico. Por esta razão, estendeu-se a áreas onde outrora não foi tão popular. Se a comida frita é facilmente digerida ou se cai pesadamente no estômago, depende grandemente do tipo de óleo usado, a temperatura do óleo e a maneira como a comida foi frita. Os estudos feitos com pessoas sãs e pacientes com problemas gastroduodenais (gastrite, úlcera, queixas do fígado e complicações biliares) demonstraram que não há nenhuma relação entre a comida frita em azeite e essas doenças.

A alteração sofrida pelos óleos vegetais, quando aquecidos para fritar, é mais rápida. Esta alteração também varia segundo a temperatura e a duração do seu aquecimento, o número de vezes que são usados, a própria maneira de fritar (se a fritura for contínua, modificam-se menos), e o tipo da comida que é frita (fritando peixe, especialmente gordo ou oleoso, aumenta o conteúdo de ácido poliinsaturado do óleo, facilitando a sua decomposição).

O azeite é o ideal para fritar. Em condições de temperatura adequadas, sem deixar aquecer demasiado, não sofre nenhuma modificação estrutural substancial e guarda o seu valor nutritivo melhor do que outros óleos, não só por causa dos antioxidantes mas também devido aos seus altos níveis de ácido oleico. O seu ponto máximo de aquecimento (210 º C) é substancialmente mais alto do que a temperatura ideal para fritar os alimentos (180 º C). Todas as outras gorduras que atingem o ponto crítico de aquecimentoo mais baixo, decompõem-se e deterioram-se a esta temperatura formando produtos tóxicos.

Outra vantagem de usar azeite para fritar consiste na formação de uma crosta na superfície do alimento que impede a penetração do azeite no seu interior, resultando que o alimento conserva e melhora o seu próprio sabor. A comida frita em azeite tem um conteúdo gordo mais baixo do que a comida frita noutros óleos, tornando o azeite o mais indicado para o controle de peso. O azeite, por isso, é o mais indicado, o mais leve e o meio mais saboroso para fritar.

As vantagens do azeite em relação aos outros óleos não acabam aqui. Não só pode ser reutilizado mais vezes, como também aumenta o seu volume quando reaquecido e portanto, menos quantidade é necessária para cozinhar e fritar.

A capacidade de digestão do azeite aquecido não se modifica mesmo quando reutilizado para fritar várias vezes.

O azeite não deve ser misturado com outras gorduras ou óleos vegetais e, geralmente, não deve ser usado mais de quatro ou cinco vezes.

O azeite deve já estar quente quando utilizado para fritar; se estiver frio os alimentos podem absorvê-lo demasiado.

Para fritar, a quantidade de azeite deve ser abundante o suficiente para cobrir completamente os alimentos. Se assim não for, não só se queimará mais facilmente mas os alimentos ficarão puco fritos por cima e demasiado fritos por baixo.


Temperaturas para fritar

Quando aquecido, o azeite é a gordura mais estável, o que significa que ele se mantem em óptimas condições a altas temperaturas para fritar. O seu máximo ponto de aquecimento (210 º C) é bem acima da temperatura ideal para fritar alimentos (180 º C). A capacidade de digestão do azeite não é afectada quando é aquecido, mesmo quando é reutilizado várias vezes para fritar.

TEMPERATURA
TIPO DE ALIMENTO
Medio (130–145º C)
Alto conteúdo de água: vegetais, batatas, frutas, etc…
Quente (155– 170º C)
Com polme, farinhas, ou pão-ralado, formando uma crosta
Muito Quente (175–190º C)
Pequenos, de rápida fritura: pastéis, croquetes, etc.

Utilize o Azeite em vez de outras gorduras menos saudáveis!

Tabela de conversão - Manteiga/Margarina para Azeite


Manteiga/MargarinaAzeite
1 colher de chá3/4 colher de chá
1 colher de sopa2 1/2 colheres de chá
2 colheres de sopa1 1/2 colher de sopa
1/4 chávena3 colheres de sopa
1/3 chávena1/4 chávena
1/2 chávena1/4 chávena + 2 colheres de sopa
2/3 chávena1/2 chávena
3/4 chávena1/2 chávena + 1 colher de sopa
1 chávena3/4 chávena


~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
O azeite é a única gordura que não apresenta modificações substanciais da sua estrutura quando submetido a uma temperatura de 200ºC.
As outras gorduras líquidas – como os óleos – alteram-se ainda antes de atingirem a temperatura de fritura (cerca de 200ºC). Por isso, o azeite virgem ou virgem extra é particularmente recomendado para fritos.

Por outro lado, o azeite virgem e virgem extra, além de induzir uma crosta à superfície dos alimentos, aloura-os, deixando-os estaladiços. Ao impedir assim a absorção de gordura, os alimentos ganham em sabor. Procure não misturar o azeite virgem e virgem extra com outros óleos vegetais nem com outras gorduras. O azeite pode ser reutilizado até quatro a cinco vezes, dependendo do alimento que se cozinha.

Existem alguns sinais que nos indicam que um azeite está saturado, exigindo uma mudança imediata:

O azeite demora demasiado a aquecer e, ao introduzir nele os alimentos, arrefece muito rapidamente;
Ao fritar, o azeite produz muita espuma e "transborda" da fritadeira;
As borbulhas do azeite quente não são pequenas, mas grandes;
O azeite saturado tem uma cor mais avermelhada do que o fresco e, além disso, é mais espesso.


Qual a melhor gordura para fritar?
Evite a margarina e a manteiga. Os óleos mais resistentes ao calor são os alimentares (de mistura), de amendoim, de girassol e o azeite. Frite os alimentos a 180ºC, pelo menos, exceto as batatas (basta a 175ºC). Mude o óleo a cada 12 utilizações, no máximo, ou depois de 3 meses, caso frite pouco. Antecipe a renovação se o óleo estiver degradado. O aquecimento repetido estraga um óleo. Frite todos os alimentos de seguida, já que os aumentos e as reduções de temperatura podem ser prejudiciais. As gorduras dos fritos de produtos com farinha ou pão ralado degradam-se mais facilmente. Não as aproveite. Para reduzir o óleo nos panados, doure bem os alimentos. A crosta impede a entrada de óleo.

http://www.deco.proteste.pt/saude/emagrecer/dicas/cozinha-e-dieta-saudavel




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