sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Pimenta, ela esquenta sua vida

Agora é um bom momento para explorar as qualidades deste fruto poderoso, que mexe com o paladar e o ânimo. Da mais ardida àquela que serve de tiragosto, descubra como o tempero pode enriquecer sua culinária.
Pimentas
O inverno está aí. O termômetro baixa e a pimenta entra em alta. “Quem costuma sentir frio pode se beneficiar com a ingestão deste alimento”, explica o acupunturista Antonio José Demian, de São Paulo. Ele apóia seu saber na medicina chinesa, que há muito descobriu a pimenta vermelha como um fator de equilíbrio da energia do corpo.

O nutrólogo João Curvo, do Rio de Janeiro, defende que temperos, temperaturas e temperamentos possuem estreita relação. Ele recomenda que pessoas predominantemente doces comam alimentos mais picantes e ácidos. “Muita doçura as deixa hipersensíveis, vulneráveis às agressões externas.” Já quem tem pavio curto deve evitar a pimenta e saborear itens refrescantes, como saladas de sabor amargo. “Quando utilizamos os temperos de forma adequada, podemos tratar melhor a depressão, a agitação e o amargor da alma”, diz Curvo.

Dono de uma loja na capital paulista com mais de 250 tipos de pimenta, Nelusko Linguanotto Neto credita ao ingrediente outras qualidades. “O que é que a pimenta tem? O dom de trazer vida à mesa.” Deve ser daí que surgiu a expressão “coloque um pouco mais de pimenta em sua rotina”.

O SABOR DE BELÉM 
Uma amostra de que o Pará é mesmo o maior produtor de pimenta-do-reino do Brasil (80 mil toneladas por ano) está no mercado Ver-o-Peso, em Belém, com sua profusão de ervas, raízes, condimentos, poções e essências – algumas com propriedades medicinais e muitas (dizem os moradores) com poderes milagrosos.

No meio de alamedas, há um zanzar diário de personagens que vivem da pimenta. Gente como o senhor Osvaldo Pereira Lira (foto), mais conhecido como Galo, 73 anos, há 56 deles como vendedor. Fornecedor de grandes chefs da cozinha paraense (como Fábio Cecília, do tradicional restaurante Don Giusepe), Galo sabe o que é preciso para cada prato e o que cada pimenta pode fazer por ele. “O que é um tacacá, e um pato no tucupi sem a pimenta-de-cheiro?”, pergunta. Além das pequenas notáveis que enchem as bancas como um mosaico colorido em verde, amarelo e vermelho, Galo oferece conservas e molhos em garrafas, que fazem da barraca uma atração à parte.

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