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segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Aditivos alimentares
Sem os aditivos, a duração dos alimentos seria muito reduzida. Contudo, os aditivos poderão ser tóxicos e desencadear alergias
Os aditivos alimentares são substâncias intencionalmente adicionadas aos alimentos de forma a melhorarem determinadas características. São quase sempre utilizados nos produtos alimentares por razões técnicas e/ou comerciais, e raras vezes acrescentam valor nutritivo ao produto.
Os aditivos utilizam-se para conferir cores mais atractivas aos alimentos; melhorar ou reforçar o seu sabor; conservar o aspecto original do alimento até ao seu consumo; aumentar o tempo de conservação, ou substituir nutrientes de valor calórico nos produtos light.
Sintéticos ou naturais?
Contrariamente à convicção generalizada, nem todos os aditivos são sintéticos (artificiais), existem muitos aditivos naturais, o que não invalida que possam ser igualmente perigosos. Na verdade, nem tudo o que é "natural" é inofensivo, e nem tudo o que é "sintético" é perigoso.
Por exemplo, o ácido ascórbico sintético (E300), utilizado como antioxidante, não é mais tóxico do que o ácido ascórbico natural (vitamina C)!
Com efeito, existem substâncias naturalmente presentes nos alimentos que podem ser tóxicas em determinadas doses (o ácido cianídrico das amêndoas amargas ou a solanina das batatas esverdeadas, são exemplos de substâncias tóxicas em determinadas doses).
Consoante a principal função que desempenham, os aditivos são classificados em grupos:
- Corantes
- Conservantes
- Antioxidantes
- Agentes de textura
- Substâncias gustativas
Aprender a distinguir
O conhecimento básico sobre esta questão permite ao consumidor seleccionar os produtos de uma forma consciente e melhor adequada às suas necessidades. Assim passemos a analisar os principais aditivos:
Corantes (E100-180)
Um corante é uma substância adicionada ao produto alimentar para acentuar ou alterar a sua cor original e torná-lo mais atractivo.
Conservantes (E200-290)
Os conservantes são substâncias que prolongam a duração dos alimentos protegendo-os contra as alterações provocadas pelos microorganismos. São eficazes contra as bactérias, bolores, e leveduras responsáveis pela degradação dos alimentos, que os tornam impróprios para consumo, e podem causar toxi-infeccões alimentares, podendo ser mortais.
Alguns dos principais conservantes são: Ácido sórbico e os sorbatos; Ácido benzóico e benzoatos; Sulfitos; Nitritos e nitratos.
Antioxidantes (E300-322)
Um antioxidante é uma substância que protege os alimentos contra as alterações provocadas pelo contacto com o ar, prolongando a duração do produto. Muitos alimentos possuem naturalmente os seus próprios antioxidantes como o ácido ascórbico ou a vitamina C. A maioria dos antioxidantes naturais não apresenta efeitos secundários. No entanto, alguns podem trazer problemas como é o caso dos antioxidantes sintéticos.
Agentes de textura (E400-495)
Os agentes de textura são aditivos que actuam sobre a consistência do alimento ao qual são incorporados, modificando-a ou estabilizando-a. Estão incluídos neste grupo os espessantes, os gelificantes, os estabilizantes e os emulsionantes.
Substâncias gustativas
As substâncias gustativas dão sabor aos alimentos ou acentuam o sabor que lhes é próprio. Nesta categoria estão os edulcorantes (também conhecidos como adoçantes: espartame e acessulfameK) e os intensificadores de sabor.
Aspartame
Está interdito a quem sofre de fenilcetonúna (doença hereditária caracterizada pela ausência de uma enzima que participa no metabolismo de eliminação da fenilalanina, um aminoácido essencial.
Este aminoácido está presente nas proteínas, portanto, no leite e derivados, nos ovos, nas carnes (todas), leguminosas (feijão, soja, lentilha) e no aspartame. Quando essa eliminação não ocorre, o excesso torna-se tóxico e ataca o cérebro.
Por isso, se a doença não é identificada e tratada, pode causar sérios problemas mentais. O diagnóstico é feito ao nascer, através do conhecido "teste do pezinho". Não é aconselhável aquecer alimentos que contenham aspartame porque podem formar-se substâncias nocivas.
Corantes Perigosos
E 102, 104, 110, 123, 127, 128, 131, 150c, 150d, 154, 155, 161g, 171, 173, 174, 175, 180
A consumir com precaução
E 100, 120, 122, 124, 129, 132, 151, 160a, 160b, 162, 163, 180
Conservantes Perigosos
E 210 a 224; E 226 a 232; E 234, E 235, E 239, E 249 a 252; E 280 a 285
A consumir com prudência (risco de reacções alérgicas)
E 200 a 203
Antioxidantes Perigosos
E 310, 311, 312, 320, 321, 385
A consumir com prudência (risco de reacções alérgicas)
E 306, 330
Agentes de textura Perigosos
E 431 a 436, E 442
A consumir com prudência (risco de reacções alérgicas)
E 410, E 412 a 414, E 416 e E 417
Substâncias gustativas Perigosas
E 512, E 520 a 523; E541, E 553b, E 554 a 559, E 620 a 625; E 900, E 905, E 912, E 952, E 954, E 999
A consumir com prudência (risco de reacções alérgicas)
E 901 a 904; E 95100
Alimentos com mais aditivos
À partida, quanto mais colorido (excepto se a coloração for realmente uma característica natural), transformado ou elaborado for um produto, maior é a probabilidade de conter múltiplos aditivos.
Fique com uma lista de produtos susceptíveis de conterem vários aditivos:
- Produtos de confeitaria e de charcutaria.
- Refrigerantes, bebidas alcoólicas, xaropes.
- Aperitivos.
- Sobremesas, gelados.
- Sopas e molhos desidratados, molhos prontos, condimentos.
- Ovas de peixe e delícias do mar. - Produtos para decoração e revestimento. - Produtos de pastelaria e padaria fina. - Pastilhas elásticas.
Dicas para evitar o consumo excessivo de aditivos
1. Evite comer com muita frequência os alimentos apontados em cima como ricos em aditivos. 2. Leia a rotulagem e escolha conscientemente os produtos que contiverem menos aditivos. 3. Prefira os alimentos simples, menos processados, e procure prepará-los em vez de utilizar alimentos pré-cozinhados. 4. Não abuse de produtos de charcutaria. 5. Reaprenda a apreciar o sabor dos alimentos simples e abra mão de alimentos fortemente aromatizados. 6. Evite os produtos de cores muito intensas e vivas, que revelam manifestamente a presença de corantes. 7. Não abuse dos edulcorantes (adoçantes artificiais). Prefira antes reduzir a quantidade de açúcar (sacarose) no geral. 8. Não se deixe influenciar (demasiado!) pela publicidade aos géneros alimentícios. Na maior parte das vezes o produtor quer apenas vender, não importa como nem a quem. 9. Não confie em listas de aditivos alarmistas e/ou fantasistas e consulte a lista sobre os aditivos que deve de facto evitar e outros que podem causar reacções alérgicas.
Texto: Florbela Mendes, nutricionista
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