segunda-feira, 5 de julho de 2010

Amaranto tem mais proteína que os cereais

Guarde este nome: Amaranto.
Praticamente desconhecido no Brasil, o pseudocereal tende a se espalhar de modo considerável pelas lavouras -e pelos mercados- nos próximos anos. A estimativa é do pesquisador Carlos Roberto Spehar, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Cerrados, responsável pela introdução da planta no território nacional.
Domesticado há milhares de anos em locais como o México, o Peru e a Bolívia, o ingrediente faz parte dos hábitos alimentares daqueles povos, que o cultivam em escala comercial e exportam parte de sua produção a países europeus e asiáticos e aos Estados Unidos.
"Nos EUA, o amaranto também foi introduzido recentemente na agricultura, mas aqui temos a oportunidade de cultivo na entressafra, diferentemente deles. A perspectiva de nos tornarmos os maiores produtores mundiais dentro de cinco a dez anos é muito grande", afirma Spehar, ressaltando que, para tanto, é preciso incentivar sua produção e seu consumo.

Embora não faça parte da família dos cereais, o amaranto compartilha com eles características semelhantes. "Com a vantagem de ter 15% de proteínas, contra cerca de 10% dos cereais, e um perfil de aminoácidos mais equilibrado, permitindo suprir as necessidades nutricionais não só de adultos mas também de idosos e crianças", afirma a nutricionista Karina Dantas Coelho.

Em sua tese de mestrado na Faculdade de Saúde Pública da USP, Coelho desenvolveu e testou a aceitação de alimentos matinais e barras energéticas à base de amaranto, obtendo resultados satisfatórios. "Ele também possui mais fibra alimentar, que melhora a função intestinal e pode ajudar a reduzir o colesterol, e não contém glúten", completa.
Por enquanto, apenas a variedade conhecida por BRS Alegria, da espécie Amaranthus cruentus, está adaptada ao Brasil. Além dela, existem também A. caudatus, originária dos Andes, e A. hypochondriacus, nativa do México, como a primeira. Aos interessados, a Embrapa distribui sementes e oferece dados sobre a tecnologia de produção.

Além de nutritivo, o amaranto é bastante versátil. Pode ser empregado na elaboração de barrinhas, farinhas instantâneas e dietéticas e alimentos congelados, entre outros produtos. Em casa, além de ser consumido como cereal matinal, sua farinha incrementa mingaus, massas, pães, biscoitos e bolos.

Alimentação Viva e Sustentável

Propriedades nutricionais

Ele se diferencia de outros cereais, como o trigo, justamente por suas propriedades nutricionais. Com mais ferro do que qualquer outro cereal, o amaranto também é fonte de lisina, que segundo o pesquisador Walter, é um aminoácido que falta na maioria dos grãos. "O balanço de aminoácidos presentes no grão, faz do amaranto um alimento equilibrado em termos nutricionais." Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a cada 100 g de grãos de amaranto cozidos são encontrados: quase 4 g de proteína, mais de 2 g de ferro, 0,86 g de zinco e 47 g de cálcio, além de 2,1 g de fibras. Em relação à quinua, por exemplo, ele é menos calórico. São 102 Kcal a cada 100 g cozidas, enquanto que a mesma quantidade de quinua cozida contém 120 Kcal.

Os cereais originários da região dos Andes estão fazendo sucesso nos supermercados e lojas de produtos naturais

 Isto não é à toa, pois eles têm se mostrado alimentos de grande valor nutricional. Um destes cereais que passou a ser muito consumido por adeptos da alimentação saudável é o amaranto, que, entre muitas outras propriedades tem alto teor de proteínas. A nutricionista Cláudia Venturi explica que, além de conter 15% de proteína em sua composição, o cereal é fonte de fibras, ácidos graxos poli-insaturados (as conhecidas gorduras boas), cálcio biodisponível (melhor absorvido pelo organismo), ferro, zinco, magnésio, fósforo, vitaminas A e C. O amaranto também possui alto teor de triptofano, um aminoácido responsável pela produção de serotonina, o hormônio fundamental para o estado de bom humor e que auxilia na prevenção da depressão. "Não bastassem todos esses benefícios, o amaranto também é considerado um alimento antioxidante, capaz de fortalecer o sistema imunológico do organismo e que tem um perfil nutricional de destaque quando comparado a diversos outros cereais", destaca a nutricionista.

O cereal é quase uma novidade no Brasil, pois há apenas alguns anos começou a aparecer nas prateleiras dos supermercados. Para os povos andinos, o amaranto é um velho conhecido. Há registros de que ele tenha sido até mesmo consumido pelos povos pré-colombianos, como os maias e astecas, há séculos atrás. É só agora que este cereal tão rico chega a mesa dos brasileiros.

"O amaranto é muito versátil, podemos utilizá-lo na forma de grãos, flocos ou farinha", comenta Cláudia. Ela recomenda algumas formas de consumir o cereal, que pode ser acrescentado em saladas, frutas e iogurte ou inserido em preparações, como bolos, tortas, biscoitos, cremes, sopas, sucos, barras de cereais e muitas outras receitas. "Vale frisar que este cereal é também uma excelente opção para os celíacos e vegetarianos, pois não contém glúten e ainda é uma ótima fonte de proteínas", acrescenta. A farinha quase não tem gosto, podendo ser usada em várias receitas sem comprometer os sabores.


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