Figueira-da-Índia |
Ou figos da piteira, são os nomes mais populares que se dá a este fruto em Portugal, ainda que desconhecido por muitos, pretendo com este post incentivar e relançar a ideia de que comer figos-da-Índia é muito bom e agradável, não só porque tem um sabor requintado e único como também é muito saudável, mas, felizmente em Portugal, e sobretudo no Alentejo, são cada vez mais os adeptos da Figueira-da-índia ou piteira.
Muito predominante no Alentejo, a Figueira-da-Índia trata-se de um cacto ramificado e de porte arbustivo que também é conhecido pelo nome de piteira. Apesar da sua grande resistência a terras secas, surpreendentemente as suas raízes não ultrapassam os 30 cm, elas no entanto são carnosas e apresentam características únicas de adaptação a ambientes desérticos. É vulgarmente encontrada nas beiras das estradas ou valados. Nativa das regiões desérticas do México. Como todas as espécies de cactos, a figueira-da-Índia é muito resistente a secas, armazenando a água de que precisa para sobreviver nas grossas folhas no período das chuvas.
Existem vários tipos de figueira-da-Índia, com flores grandes e vistosas cuja coloração varia do branco, ao amarelo, laranja, vermelho e até ao roxo, com uma boa variação de tons. A cor das pétalas corresponde quase exactamente à cor da polpa.
Flor da figueira-da-Índia |
O fruto é uma baga ovóide de cor que pode variar da amarela (os mais apreciados), laranja, roxa ou vermelha, mede entre cinco e nove centímetros de comprimento e pesa cerca de 120 gramas. A sua polpa é suave, textura um pouco granular, tem pequenas sementes comestíveis de cor preta, translúcida, gelatinosa e aromática. O sabor é doce, parecido com uma combinação entre pêra e melão. Rico em açúcar, fibras e vitaminas (principalmente C, A, B1 e B2), potássio, cálcio, ferro e magnésio. O figo-da-Índia é muito valorizado na medicina natural e utilizado para produtos farmacêuticos, que são indicados para o tratamento de doenças urinárias, das vias respiratórias e como diurético, sendo também recomendado na prevenção da asma e tosse, é um vermífuga, recomendado também para problemas na próstata e dores reumáticas, diabetes tipo II, entre outros.
Figo-da-Índia |
Dizem os antigos aqui da região que no outro tempo quando alguém estava com muita tosse, preparavam um xarope com base no sumo extraído das folhas que era cura certa. Também contra a tosse, descascam-se alguns figos com a faca e garfo para evitar os minúsculos espinhos, cortam-se depois em rodelas, colocam-se num recipiente de vidro, cobrem-se depois com açúcar e deixa-se repousar durante a noite. Pela manhã, côa-se para afastar as sementes, e toma-se às colheradas ao longo do dia. Outra curiosidade interessante é que, para combater as asmas e outras afecções das vias respiratórias, comem-se os figos assados no forno.
A planta é praticamente toda consumível. O figo-da-Índia consome-se fresco, mas também como fruto seco. Já deu provas na confecção de várias receitas, como, sumos, cocktails com bebidas alcoólicas, doces, geleias, compotas e chás. Também é utilizado para extracção de corante (fruto vermelho ou roxo). Das sementes extraem-se um óleo muito utilizado para produtos de cosmética. Os cladódios, vulgarmente designados por folhas também podem ser consumidos como um legume fresco ou em sumos, e quando seco é produzido um pó que é utilizado na alimentação. Os cladódios não possuem um sabor muito saliente podendo combinar com quase todas as receitas. O aproveitamento da clorofila nos pratos é outra das vantagens deste cacto. Das flores secas faz-se uma infusão. O fruto deste cato é também utilizado na produção de uma bebida alcoólica mexicana chamada de colonche. Está provado através de estudos que também a elaboração de fermentados a partir do figo-da-Índia é uma opção tecnicamente viável e de qualidade.
As folhas adultas de figueira-da-Índia possuem vantagem de conter maior efeito medicinal e conteúdo nutricional. Na culinária deve ser aproveitado apenas a polpa, parte interna das folhas, onde não contém fibras lenhosas. Mas não deite fora! Aproveite a casca, parte externa das folhas em sumos. A casca, parte externa, é mais concentrada em clorofila e, também, vitaminas e as fibras solúveis e insolúveis.
As folhas adultas de figueira-da-Índia possuem vantagem de conter maior efeito medicinal e conteúdo nutricional. Na culinária deve ser aproveitado apenas a polpa, parte interna das folhas, onde não contém fibras lenhosas. Mas não deite fora! Aproveite a casca, parte externa das folhas em sumos. A casca, parte externa, é mais concentrada em clorofila e, também, vitaminas e as fibras solúveis e insolúveis.
O figo da Índia é fonte de 30% de fibras solúveis e 70% de fibras insolúveis. São justamente as fibras que fazem deste fruto um potente aliado no combate ao excesso de peso. As fibras absorvem grande quantidade de água, o que culmina na sua dilatação, causando por sua vez sensação de saciedade. Cada 100 gramas de figo-da-Índia fornecem apenas 34 calorias.
Também no Brasil, em diversos lugares o figo-da-Índia é confundido com o fruto da palma, planta da mesma família e género, que recebe esse nome por ter forma de palmatória. Este é de facto muito semelhante com o figo-da-Índia, embora seja menos suculento e saboroso. Pode-se diferenciar as duas plantas pelo tamanho que alcançam. A palma é um arbusto cactáceo mais rasteiro, geralmente alcançando pouco mais de 1 metro de altura. Já a figueira-da-Índia pode chegar a 6 metros de altura, exigindo técnicas mais apuradas na colheita dos frutos. No Brasil a palma é aproveitada como forragem para depois se alimentar o gado.
Palma |
Os artículos (palma) também podem ser consumidos como verdura. No México, eles entram na composição de um tipo de ovos mexidos matinal. Também no Brasil é utilizada como saboroso acompanhamento na culinária sertaneja, num refogado conhecido por lá como «cortado de palma».
A figueira-da-Índia foi trazida para a Europa por descobridores espanhóis e adaptou-se bem ao clima mediterrânico. O seu consumo começou há cerca de 9000 anos.
No Alentejo e no Algarve, estes cactos crescem selvagens há séculos e serviam para delimitar as propriedades e para alimentar os porcos. As cabras e ovelhas deliciam-se com as suas folhas mas esta planta tem sido um pouco ignorada pelos portugueses. Em muitos locais os frutos caiem de maduros sem ninguém os aproveitar.
A sua colheita é feita no início do Verão, pois só nessa altura estarão madurinhos e deliciosos, mas, segundo a minha pesquisa, se o solo for fértil e houver boa disponibilidade de água, a planta pode gerar uma segunda frutificação também em meses de Inverno.
Os figos-da-Índia por vezes aparecem à venda em hipermercados a preços proibitivos, talvez importados de outros países de menor qualidade do figo da Índia do Alentejo que são dos de melhor qualidade devido às características favoráveis do terreno e clima. Começam no entanto a ser valorizados, sendo possível encontrar em algumas localidades do Alentejo doces e licores confeccionados com o saboroso figo-da-Índia.
Licor de figo-da-Índia |
Em Espanha colhem-nos e tiram-lhe os pequenos espinhos com uma maquineta que por lá inventaram e vendem-nos, tal qual os pêssegos, as laranjas ou os alperces, arrumadinhos e bem apresentadas caixinhas de madeira. E comem-nos, e dão-nos a comer a quem os visita como um produto local de qualidade das terras do Sul de Espanha.
A figueira-da-Índia é cultivada por seus frutos primeiramente. As flores são hermafroditas com pétalas amarelas ou amarelo-alaranjada. Podem dar duas florações por ano, uma na Primavera e outra no princípio do Outono, necessitando de temperaturas diurnas superiores a 20ºC. Multiplica-se facilmente por estaquilha dos artículos e por sementes.
Esta planta gosta de solos húmidos, arenosos, silicoargilosos, profundos, e bem drenados. E não tem grandes exigências nutritivas, adaptando-se mesmo a solos com fraca fertilidade. Por sua grande adaptabilidade e facilidade de dispersão, pode ser considerada invasiva em determinadas situações.
Nestes tempos de crise, em Portugal, o interesse na exploração comercial deste fruto tem levado ao aparecimento de plantações ordenadas, ainda que em baixo número, e até já foram descobertas novas utilizações para o fruto deste cato. Contudo penso que os portugueses, principalmente os alentejanos deviam dinamizar mais este mercado que continua por explorar, refiro-me principalmente aos alentejanos porque é no Alentejo que as características são mais favoráveis à sua produção.
O figo-da-Índia deve ser manipulado com cuidado porque tem uns pontinhos negros cobertos de espinhos minúsculos. E quando estes espinhos tocam no nosso corpo, por serem tão pequenos só saem com a ajuda de uma pinça.
Abaixo deixo umas dicas de como se devem manusear e saborear estes deliciosos frutos que, na minha opinião, se devem comer fresquinhos.
1. Apanhe os figos-da-Índia com umas luvas calçadas, retire-os da palma com a ajuda de um alicate (pode ser daqueles compridos de mexer nas brasas) e rode-os até soltarem da palma, se necessário leve uma faca para cortar se não soltarem com facilidade.
2. Já em casa, com a ajuda do mesmo alicate passe o fruto pela chama do fogão.
3. Uma vez no prato, pronto a ser consumido, espete com um garfo na fruta e corte as extremidades. Com uma faca dê um corte em cima e abra o figo (como exemplifico na foto).
4. Todo o interior (polpa e sementes) é comestível. Atenção, uma vez a polpa fora, não coloque esta em contacto com a casca porque pode ainda haver algum espinho e pode passar para a polpa.
Composição Química por 100 grs de figo-da-Índia:
Composição Química por 100 grs de figo-da-Índia:
Calorias 22,7
Água 94,0 g
Carboidratos 5,0 g
Proteinas 0,5 g
Gorduras 0,07 g
Vitamina A 130 Ul
Vitamina B1 10,0 mcg
Vitamina B2 20,0 mcg
Pré preparo da folha (cladódios) da figueira-da-Índia ou palma para receitas:
A folha da figueira-da-Índia pode ser conservada por vários dias, em lugar seco, à temperatura ambiente. Antes de qualquer preparação, devem ser retirados eventuais espinhos, para de seguida a folha ser lavada inteira. O uso para sumos ou preparações a cru requer a mesma higienização utilizada para outros legumes e vegetais para eliminar possíveis contaminantes pós-colheita.
Nas preparações cruas, a folha deve ser colocada em água, com um pouco de vinagre, depois deve ser escorrida; já nas preparações cozidas, ela deve ser previamente fervida (por cerca de três minutos) em água, com um pouco de vinagre, e também escorrida para diminuir uma secreção viscosa semelhante ao quiabo.
A folha da figueira-da-Índia (ou palma) combina bem com ervas finas. Quando em conserva (pickles) e bem tapada, pode durar até seis meses no frigorífico.
Pré preparo da folha (cladódios) da figueira-da-Índia ou palma para receitas:
A folha da figueira-da-Índia pode ser conservada por vários dias, em lugar seco, à temperatura ambiente. Antes de qualquer preparação, devem ser retirados eventuais espinhos, para de seguida a folha ser lavada inteira. O uso para sumos ou preparações a cru requer a mesma higienização utilizada para outros legumes e vegetais para eliminar possíveis contaminantes pós-colheita.
Nas preparações cruas, a folha deve ser colocada em água, com um pouco de vinagre, depois deve ser escorrida; já nas preparações cozidas, ela deve ser previamente fervida (por cerca de três minutos) em água, com um pouco de vinagre, e também escorrida para diminuir uma secreção viscosa semelhante ao quiabo.
A folha da figueira-da-Índia (ou palma) combina bem com ervas finas. Quando em conserva (pickles) e bem tapada, pode durar até seis meses no frigorífico.
Preparação
- retirar os espinhos e limpeza Corte
- retirar a parte externa com fibras duras
Trituração com adição mínima de água
- utilização em sumos, bolos, pães, pastas, molhos, suflês, geleias de frutas, fermentados e cocktails Corte em cubos
- Utilização em saladas e refogados
Utilização da casca - Parte externa:
Utiliza-se a parte externa da casca em bebidas líquidas tipo sumos e refrescos.
Utilização das Folhas Jovens - Brotos
Preparação - Limpeza Corte - Cubo, mini-cubo e tiras
Utilize em saladas, refogados, conservas e pickles
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